sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Governo estuda dar incentivos para geração própria de energia

A mais importante dessas medidas seria autorizar as distribuidoras a pagar mais caro pela eletricidade gerada pelos próprios consumidores.
Para enfrentar a crise energética, o governo avalia conceder incentivos às mini e micro gerações feitas pelos próprios consumidores em suas residências, que podem "devolver" eletricidade à rede das distribuidoras e obter créditos nas contas de luz dos meses seguintes.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, disse que há negociações em andamento para a adoção de estímulos para fazer o modelo finalmente deslanchar no país.
A mais importante dessas medidas seria autorizar as distribuidoras a pagar mais caro por essa eletricidade, inclusive preços acima do Valor de Referência (VR) - a média praticada nos últimos leilões de energia.
As empresas de distribuição podem adquirir até 10% da sua demanda dos próprios consumidores. "Se as empresas puderem pagar valores acima do VR, isso estimulará que mais consumidores adotem o modelo de geração própria", disse.
Outra medida em estudo é a criação de uma linha de financiamento aos equipamentos de geração caseira, como placas solares, turbinas eólicas, conversores e os leitores bidimensionais - que medem quanta energia é recebida pelo consumidor e quanta eletricidade é devolvida por ele à rede. "A energia solar tem viabilidade mais imediata, mas em fazendas, por exemplo, há espaço para outras fontes. Mas é necessário se financiar este tipo de investimento".
Além disso, o governo negocia no âmbito do Confaz - que reúne todos os secretários estaduais de Fazenda - a isenção da cobrança do ICMS sobre a devolução da energia pelos consumidores às redes das distribuidoras.
Isso porque, na avaliação de Rufino, não ocorre uma troca comercial no modelo, mas sim a geração de um crédito que é abatido na fatura do mês seguinte. "Minas Gerais já isentou o modelo de ICMS por cinco anos. Isso ajuda a incentivar a aumentar a adesão ao modelo", disse Rufino.
Shoppings
Rufino confirmou ainda a afirmação dada na semana passada pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, sobre a possibilidade de se incentivar empreendimentos maiores - como shoppings, hotéis e pequenas indústrias - a usarem seus geradores também fora da hora de ponta formal, no começo da noite, em que a tarifa de energia é mais cara.
"Como tem ocorrido uma mudança em alguns momentos da ponta de carga para o começo da tarde, a ideia seria incentivar esses empreendimentos a usarem energia própria também nesses horários" disse Rufino.
Segundo ele, o combustível usado por esses geradores pode vir a ser pago em parte pela conta de Encargos de Serviços do Sistema (ESS), que já remunera as usinas térmicas do País.

Fonte:gazetadopovo.com.br

sábado, 10 de janeiro de 2015

Solar: mais empresas estudam abrir fábricas no Brasil

Além de módulos, interessados prospectam produzir inversores e estruturas

Ao menos seis empresas estudam seguir o mesmo caminho trilhado pela SunEdison e pela Pure Energy de investir em fábricas no Brasil para produzir equipamentos para o setor solar, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Lopes Sauaia. Sem revelar o nome ou a origem das interessadas, o executivo revelou que os agentes pretendem produzir módulos, inversores e estruturas. "Estamos com boas expectativas para o setor em 2015."
Sauaia destacou a importância do governo manter uma sinalização positiva para o setor. Ele elogiou a abertura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social de financiar tanto equipamentos nacionais como importados, mesmo que sejam a taxas menos atrativas. Ele explicou que a instalação de fábricas no Brasil passa pela importação de componentes e máquinas, e que o apoio do BNDES é fundamental para viabilizar essas iniciativas.
Outro sinal importante a ser mantido é o da participação, em condições competitivas, da fonte nos leilões promovidos pelo governo. A expectativa da associação é que a solar esteja presente em um futuro leilão de reserva neste ano. "A Absolar insiste que se contrate ao menos 1.000 MW/ano em projetos, para dar uma base mínima para o desenvolvimento da cadeia produtiva."
Geração distribuída - Outro potencial caminho apontado pelo diretor da Absolar é o da geração descentralizada. Com os reajustes tarifários esperados para este ano, variando entre 20% e 30%, segundo Sauaia, a geração distribuída ganha mais competitividade. "Atualmente a geração distribuída tem 300 sistemas conectados à rede, sendo mais de 90% fotovoltaicos", disse, destacando facilidade de instalação desse tipo de geração, que não precisa de licenciamento ambiental e está quase sempre próximo ao ponto de consumo.
Além disso, existe a expectativa de que ocorra um aprimoramento da Resolução Normativa 482/12, que regulamenta a microgeração no Brasil. O tema está na agenda da Agência Nacional de Energia Elétrica deste ano. "É uma oportunidade de trazer melhorias para esse modelo, fazer com que o mercado cresça de forma mais acelerada, que hoje está muito aquém do potencial."
Por fim, ele destacou o envolvimento do Confaz e da Receita Federal em discutir a questão da tributação da geração distribuída. "Isso precisa ser discutido com bastante prioridade neste ano. É importante a retirada desse obstáculo, que tem atrapalhado o desenvolvimento do mercado."

Fonte: Wagner Freire, da Agência CanalEnergia, Negócios e Empresas 
08/01/2015

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O BNDES aprovou um financiamento de R$26 milhões (US$9,6 milhões) para a construção de uma fábrica de panéis solares fotovoltaicos da startup solar Pure Energy no estado do Alagoas.

Esta é a primeira aprovação de financiamento desde o anúncio das regras de conteúdo local para a indústria solar no ano passado e após o leilão de energia solar que contratou 890MW em 31 projetos solares para estarem prontos em 2017.
Pure Energy, que é controlada pelo grupo alagoano Cerutti, vem anunciando a intenção de montar uma fábrica de painéis solares desde o ano passado.
A Pure Energy, é, no entanto, a segunda a confirmar planos concretos desde o leilão. A primeira foi a americana SunEdison que planeja investir US$30 milhões em uma fábrica de módulos e uma de seguidores solares (tracking systems).
A SunEdison ainda não tem financiamento do BNDES.
O financiamento para a fábrica da Pure Energy representa 75% do investimento estimado em R$34,7 milhões.
A Pure Energy fará parceira com a Adelco – que produz microinversores – e com a Solinova – empresa de projetos em energias renováveis de São Paulo.
A fábrica contará com o desenvolvimento de uma usina solar de 1MW para suprir eletricidade e para testar diferentes tecnologias.
A Recharge noticiou no ano passado que o projeto da Pure Energy visava uma capacidade de produção de 40MW por ano em painéis.
Fonte: http://www.rechargenews.com/brasil/article1387941.ece

Associações buscam novo 'acordão' para o setor elétrico em 2015

Tendo à frente mais uma usina de incertezas, que vão de novas despesas multibilionárias até o fantasma de racionamento em 2015, associações do setor elétrico pretendem compilar propostas para um "acordão" com o governo em torno de medidas para superar a crise de energia. As sugestões vão ser formuladas, nos próximos dias, por um conjunto de 12 entidades empresariais e levadas em seguida à Casa Civil.
Em linhas gerais, a ideia é repetir duas "soluções negociadas" do passado, que ocorreram em momentos delicados. Para zerar as dívidas em cascata que desorganizavam completamente o segmento, a Lei Eliseu Rezende - assim batizada em homenagem ao então presidente da Eletrobras - promoveu um megaencontro de contas em 1993, que só foi possível graças a aporte de US$ 27 bilhões do Tesouro Nacional.
Em 2001, ano do racionamento, foi firmado o Acordo Geral do Setor Elétrico. Esse acerto normalizou as relações entre os agentes do mercado, que haviam entrado em uma série de disputas entre si, e criou uma "recomposição tarifária" paga pelos consumidores. Nos dois episódios, a volta da normalidade permitiu o engavetamento de várias ações judiciais que estavam travando o funcionamento do setor, como tem ocorrido nos últimos meses.
"A situação de hoje é mais grave. Não temos como suportar o futuro sem um novo grande acordo", diz o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, lembrando que a conta da crise já ultrapassa R$ 100 bilhões desde 2012. Indenizações às empresas que aderiram ao pacote de renovação antecipada das concessões, gastos com o acionamento intensivo das usinas térmicas e a sequência de socorros financeiros às distribuidoras estão na fatura.
Menel coordena o fórum das associações do setor elétrico, composto por 12 entidades, que deverá compilar um conjunto de propostas nesta semana. Um dos pleitos será revisar imediatamente a "garantia física" das hidrelétricas. Na prática, a garantia física é uma espécie de certificado que define quantos megawatts uma usina pode efetivamente vender no mercado, com base na geração média verificada em anos anteriores. Mas esse número não é atualizado desde 2003 e há quem veja nisso uma das raízes da crise atual - as usinas têm produzido, na vida real, menos do que o previsto e abrem um "buraco" permanente na operação do sistema.
O baixo rendimento das hidrelétricas é justamente uma das hipóteses levantadas por especialistas para explicar o acelerado esvaziamento dos reservatórios nos últimos três anos. Apesar de chuvas abaixo do normal, é errado atribuir à estiagem todos os problemas do setor, segundo Luiz Augusto Barroso, diretor da consultoria PSR. "Essa história não cola. No triênio 2012-2014, choveu 88% da média de longo termo. Não foi exatamente bom, mas é apenas o 16º pior registro, em 84 anos de série histórica."
Em uma apresentação a executivos e investidores na sexta-feira, durante um encontro do setor elétrico em Mata de São João (BA) acompanhado pelo Valor, Barroso fez suas primeiras estimativas sobre as chances de racionamento em 2015. Considerando o uso pleno das térmicas e redução das vazões nos rios federais, a fim de economizar água nos reservatórios, há 19% de risco de racionamento (um déficit de pelo menos 4% da demanda). Foram analisados 1.200 cenários hidrológicos.
Uma das principais diferenças com as simulações do governo, conforme explica Barroso, é que o baixo rendimento das usinas precisa ser levado em conta. Ele só faz uma ressalva importante: "Estamos no início do período úmido e é o pior momento para fazer esse tipo de previsão." Destaca, no entanto, que em igual período do ano passado as projeções indicavam risco de apenas 6% em 2014. Ou seja, dessa vez a temporada de chuvas começa muito mais pressionada.
O consultor Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, aponta a repetição de outro problema em 2015. Para ele, as usinas hidrelétricas vão ter uma nova conta de R$ 15 bilhões com o déficit na geração de energia, por causa da queda nos reservatórios. Neste ano, a fatura deve ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões. Quando produzem menos eletricidade do que suas obrigações contratuais, precisam recorrer ao mercado de curto prazo para repor o fornecimento. Como os preços atingiram valor recorde nos últimos meses, a conta disparou.
No ano que vem, a despesa das hidrelétricas deve ser amenizada com a redução do valor máximo do megawatt-hora no mercado de curto prazo, que a Aneel reduziu de R$ 822 para R$ 388. Mesmo assim, o déficit na geração das usinas deve corresponder a 8% de tudo o que elas deveriam produzir, segundo Santana. "Haverá uma conta de R$ 15 bilhões, que seria muito maior, se a agência não tivesse feito a mudança."
Para o ex-diretor, uma das distorções vistas atualmente no setor é que a fatura acumulada pelo déficit hídrico - nos anos de 2014 e 2015 - já supera o valor de mercado das próprias geradoras. "As perspectivas são sombrias."
Queixando-se da falta de interlocução com o Ministério de Minas e Energia, as associações buscam agora um canal direto com a Casa Civil, mas prometem virar a página das lamentações e dar sua contribuição. "Não adianta chorar o leite derramado. Todos teremos que ceder um pouco para salvar o setor", diz Menel.
O sócio do BTG Pactual e presidente do conselho da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel), Oderval Duarte, reforça o apelo por mais diálogo entre governo e iniciativa privada. "Mas é fundamental reconhecer que o setor elétrico está doente", afirma.
Fonte: https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?cod=1006490